Paralelas que se encontram

As aventuras de uma carioca, um galego e um gato maluco na maior cidade da América Latina - e no primeiro blog galego-brasileiro!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

toc toc toc toc


Se existe um problema muito sério em São Paulo, esse problema é o barulho. E não me refiro a buzinas, motores de ônibus ou britadeiras na calçada. Esses, embora estressantes, são ruídos quem ficam do lado de fora da porta e, salvo exceções, têm hora pra acabar. Estou me referindo ao barulho da falta de educação. Música alta, latido de cachorro, furadeira no domingo de manhã, gritaria e, o mais temível de todos, salto alto na cabeça. Chamo de barulho da falta de educação pois em 99,99% dos casos ele poderia ser evitado. E falo isso de cadeira, pois tenho gato (o meu é quase um cachorro), martelo, salto alto e equipamento de som, mas garanto que nenhum vizinho sabe disso. O mesmo já não posso dizer da nossa vizinha aqui de cima, do apartamento 46. A gente ouve tudo (acredite, tudo mesmo) o que ela faz. E, de todos os seus hábitos bárbaros e detestáveis, o pior de todos é o bendito salto alto às 7 da manhã. É quase que uma vingança por ela ter de sair para trabalhar tão cedo. "Ah, seus vagabundos, se eu tenho que acordar às 6, vocês também vão pular da cama", imagino que ela pense todos os dias. Logo que me mudei, liguei para o apartamento dela. Não queria simplesmente reclamar com o porteiro, achei que seria bacana falar pessoalmente com a figura. Com toda a gentileza de um morador recém-chegado, expliquei que nem sempre eu estava acordada às 7 da matina, que muitas vezes eu trabalhava até altas horas da madrugada, e blá blá blá. Inocência minha, eu pensava "poxa, de repente a pessoa nem se dá conta do barulho que está fazendo." Ha ha ha. Eu sou uma ingênua mesmo. Pois não é que depois dessa amistosa conversa o barulho se intensificou? Em decibéis e em freqüência! A cada reclamação que eu fazia para o porteiro, a coisa aumentava. Era como um aviso: "ah, sua babaca, você acha que sabe o que é barulho? Então toma essa!". Pra resumir a história: pode parecer conformismo, mas eu meio que me acostumei com o barulho. Comprei uma centena de tampões de ouvido, daqueles usados em indústrias, e hoje já durmo mais feliz. Mas nem por isso deixo de pensar, quase que diariamente: o que custa as pessoas tentarem viver em harmonia com as outras? Não é mais legal pra todo mundo? Eu acredito nessas coisas de cada um fazer a sua parte para um mundo melhor, sabe? Será que continuo sendo uma ingênua?

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